#83. longe de mim causar intriga, é sobre isso e tá tudo bem. uma ressalva de palmas. dica de um documentário ótimo: chocada, porém jamais perplexa - e vice-versa.
Nossa, eu faço muito disclaimer pra escrever, desde antes de ser modinha. Rsrsrs. O medo de ser mal interpretada, julgada etc era tão grande, que simplesmente desisti de tentar. Agora só escrevo textos na minha cabeça pras vozes que habitam lá tbm. Lol
Super te entendo! O medo é sempre grande de ser mal interpretada e cancelada. Mas acho que cada vez menos precisamos contar com a opinião e a noção dos outros, sabe. Porque não há garantia alguma, por mais disclaimer que se faça, de que a gente vá ser interpretada como queremos. Aí não vale a pena a gente se bloquear, porque cada bloqueio é um texto a menos, uma conversa a menos... Enfim, a gente deixa de aproveitar a parte boa que é essa troca que o texto proporciona 😉
A, Ana. Deixe esse medo pra lá, traz seus pensamentos aqui pro Substack que, por ora, tá um ambiente mais salutar. Estava um pouco como você, fiz isso e tem sido bom pra mim :)
Concordo demais, Lu. O substack me surpreende, pelo menos na minha bolha as pessoas têm tanta gentileza e empatia, sinto que a maioria está aberto a conversar e a ler sem tanta pretensão. Espero que consigamos manter essa paz ahaha
O meu disclaimer favorito é o "com todo respeito, mas", a frase que sempre antecede uma declaração altamente desrespeitosa 😅 na minha cabeça é algo bem carioca, mas provavelmente é só o meu recorte sudestino, longe de mim generalizar sobre cariocas ou excluir o resto do Brasil desta tradição, etc
Ahahaha que nem o twitt que falava sobre "faz tal coisa mas é boa pessoa", tipo passando um pano quilométrico pra criatura / é quase o anti disclaimer kkkk
Meu disclaimer favorito e desnecessário é "eu sei que eu sou privilegiado, mas". Obviamente vc é privilegiado, eu estou vendo, por isso também acho desnecessário. Nem em podcast sem vídeo precisa de uma frase dessas pq quem faz poscast normalmente é privilegiado. Enfim e tá tudo bem
Eu acho que especialmente esse disclaimer do privilégio anda cansado. É mais um selo de "estou alinhada com os atuais protocolos" do que uma real consciência de classe muitas vezes. O disclaimer rende uns status né mesmo
Ao mesmo tempo vejo pessoas privilegiadas simplesmente sendo privilegiadas e vivendo com seus privilégios sendo “”atacadas”” por terem eles, como se fosse culpa delas as outras pessoas não terem.
Outro dia me deparei com um post de uma menina agradecendo e ficando impressionada com as coisas que aconteceram na sua vida e outra nos comentários dizendo “ah, mas assim é fácil! você é branca privilegiada”. Fico pensando que pra ser digno de algo não pode ser quem é.
Virou uma competição de quem tem mais disclaimers a declarar, ao que parece. A pessoa vai negando, pedindo desculpa, não-dizendo, até chegar num limite em que perde todos os direitos. Que nem o dia em que odiaram uma menina porque ela ganhou sorvete do pai, porque comeu sorvete e porque tinha pai. Estamos virando umas criaturas enlouquecidas demais kkkk
Eu tava vendo um influencer que adoro, que traz uns conteúdos bem legais sobre cultura pop, mas ele sempre precisa explicar muito as opiniões dele - provavelmente porque já deve ter enfrentado muito comentário chato - e fico pensando nesse contexto em que tudo precisa ser muito protegido, o autor precisando amortecer e justificar tudo pra audiência. Uns públicos são tão infantilizados e violentos ao mesmo tempo né.
Meu disclaimer favorito sempre será "nada contra, tenho até amigos que são". Mas a realidade de pessoas que amam separar a obra do autor, como o técnico de futebol ou a própria jk rowling, só mostram que elas podem até achar ruim suas atitudes, mas não teve um impacto tão grande assim na sua vida para se incomodar. Adorei o texto!
Cada vez menos eu consigo separar obra e época do autor, viu. Muitas vezes é como vc falou, simplesmente as pessoas não se importam - e vc pega no pulo as pessoas criando justificativas variadas pra deixar passar determinados autores.
Eu tinha visto no passado umas cenas isoladas desse filme, mas assistir inteiro foi um exercício quase insuportável de vergonha alheia e desespero. Como assim as pessoas falam e pensam naturalmente tudo aquilo? Faz todo o sentido pra entender o Brasil
Luci, ler você é como continuar a nossa conversa. (E os disclaimers óbvios: mas isso não invalida nossos almoços. Mas também isso não quer dizer que eu não goste dos seus textos - pelo contrário! Te acho incrível, mulher!). A minha sensação é que falta muita interpretação de texto... amei a edição!
Acho que é exatamente isso: falta interpretação e também falta boa vontade de conversar. Muitas vezes vemos rinha de opiniões que sinceramente não levam tão longe...
Superpertinente, Lu! É um real paradoxo esse excesso de ponderações para debates que 3 segundos após terem começado já descambam pra senso comum com data de validade vencida salpicado de ofensas ao gosto do freguês.
cada vez que eu leio um texto que tem um bilhão de ressalvas vai me dando uma preguiçona enorme, igual aquela que sentimos quando uma pessoa vai dando voltas e mais voltas pra contar uma história.
acabei de ler um texto da mary gaitskill em que ela diz assim:
"(...) it’s harder to have gentle tolerance when a mass shooting seems to happen every time you turn around and/or you read/hear about rising rates of suicide in young people, particularly young men. It’s also harder to have tolerance when someone is presenting himself as the killer in the story or is sending you strange emails."
ela está falando no contexto da criação literária e acho que se relaciona bem com o que você apontou da convivência das ressalvas de palmas (amei??) de um lado e a prontidão para odiar do outro.
enfim, gostei de te ler mais uma vez. tá aqui a publicação dela, se quiser ver:
Nossa, Ariela, que trecho ótimo! Vou ler super essa news. Eu acho esse um dos paradoxos mais inexplicáveis que vivemos, o do excesso de ressalvas em meio a uma sociedade prestes a odiar qq coisa. É um continuo sequestro do sentido real da coisas né. Tipo uma extrema direita que vira defensora de liberdade de expressão (deturpando todos os conceitos de liberdade e expressão, claro). Brigada pela dica ♥️
isso mesmo, sequestro de sentido! inúmeras narrativas concorrendo por espaço e legitimidade, e a gente nesse meio tentando se orientar, ver o real, estabelecer o que merece ou não espaço e atenção. dizer o quê? boa sorte pra gente! 🌻
Ruído na comunicação. Sabe quando conversando com alguém querido por mensagem tem que ter disclaimer e etc? Nosssa
Eu acho um pesadeloooo
Em alguns grupos de amigos a gente sempre se lembra de que o lugar é um espaço seguro que dispensa disclaimers, senão seria muito cansativo né
Nossa, eu faço muito disclaimer pra escrever, desde antes de ser modinha. Rsrsrs. O medo de ser mal interpretada, julgada etc era tão grande, que simplesmente desisti de tentar. Agora só escrevo textos na minha cabeça pras vozes que habitam lá tbm. Lol
Super te entendo! O medo é sempre grande de ser mal interpretada e cancelada. Mas acho que cada vez menos precisamos contar com a opinião e a noção dos outros, sabe. Porque não há garantia alguma, por mais disclaimer que se faça, de que a gente vá ser interpretada como queremos. Aí não vale a pena a gente se bloquear, porque cada bloqueio é um texto a menos, uma conversa a menos... Enfim, a gente deixa de aproveitar a parte boa que é essa troca que o texto proporciona 😉
A, Ana. Deixe esse medo pra lá, traz seus pensamentos aqui pro Substack que, por ora, tá um ambiente mais salutar. Estava um pouco como você, fiz isso e tem sido bom pra mim :)
Concordo demais, Lu. O substack me surpreende, pelo menos na minha bolha as pessoas têm tanta gentileza e empatia, sinto que a maioria está aberto a conversar e a ler sem tanta pretensão. Espero que consigamos manter essa paz ahaha
Beijos!
O meu disclaimer favorito é o "com todo respeito, mas", a frase que sempre antecede uma declaração altamente desrespeitosa 😅 na minha cabeça é algo bem carioca, mas provavelmente é só o meu recorte sudestino, longe de mim generalizar sobre cariocas ou excluir o resto do Brasil desta tradição, etc
Ahahaha que nem o twitt que falava sobre "faz tal coisa mas é boa pessoa", tipo passando um pano quilométrico pra criatura / é quase o anti disclaimer kkkk
Meu disclaimer favorito e desnecessário é "eu sei que eu sou privilegiado, mas". Obviamente vc é privilegiado, eu estou vendo, por isso também acho desnecessário. Nem em podcast sem vídeo precisa de uma frase dessas pq quem faz poscast normalmente é privilegiado. Enfim e tá tudo bem
Eu acho que especialmente esse disclaimer do privilégio anda cansado. É mais um selo de "estou alinhada com os atuais protocolos" do que uma real consciência de classe muitas vezes. O disclaimer rende uns status né mesmo
Rende demais!!! Concordo com vc sobre o selo kkkkkk irrita um pouco, mas é bom pra gente rir
Ao mesmo tempo vejo pessoas privilegiadas simplesmente sendo privilegiadas e vivendo com seus privilégios sendo “”atacadas”” por terem eles, como se fosse culpa delas as outras pessoas não terem.
Outro dia me deparei com um post de uma menina agradecendo e ficando impressionada com as coisas que aconteceram na sua vida e outra nos comentários dizendo “ah, mas assim é fácil! você é branca privilegiada”. Fico pensando que pra ser digno de algo não pode ser quem é.
Tem hater pra todos os gostos pois nada presta
Virou uma competição de quem tem mais disclaimers a declarar, ao que parece. A pessoa vai negando, pedindo desculpa, não-dizendo, até chegar num limite em que perde todos os direitos. Que nem o dia em que odiaram uma menina porque ela ganhou sorvete do pai, porque comeu sorvete e porque tinha pai. Estamos virando umas criaturas enlouquecidas demais kkkk
Que pauta mais pertinente! Amei.... eu sempre penso em disclaimer, mas evito usá-los. Chocada com esse doc, correndo assistir!!!!
Brigadaaaa amiga
Eu tava vendo um influencer que adoro, que traz uns conteúdos bem legais sobre cultura pop, mas ele sempre precisa explicar muito as opiniões dele - provavelmente porque já deve ter enfrentado muito comentário chato - e fico pensando nesse contexto em que tudo precisa ser muito protegido, o autor precisando amortecer e justificar tudo pra audiência. Uns públicos são tão infantilizados e violentos ao mesmo tempo né.
Fora a falta de pensamento crítico de fato.
Atrasada lendo essa pepita de edição. Lou, vc se superou nessa. Que joia, 💫
Amigaaaa
Tem nada de atraso, só vem ♥️
Meu disclaimer favorito sempre será "nada contra, tenho até amigos que são". Mas a realidade de pessoas que amam separar a obra do autor, como o técnico de futebol ou a própria jk rowling, só mostram que elas podem até achar ruim suas atitudes, mas não teve um impacto tão grande assim na sua vida para se incomodar. Adorei o texto!
Cada vez menos eu consigo separar obra e época do autor, viu. Muitas vezes é como vc falou, simplesmente as pessoas não se importam - e vc pega no pulo as pessoas criando justificativas variadas pra deixar passar determinados autores.
que texto maravilhoso!!!!!!
meu deus, concordo ate com as virgulas
Ahahahahahaha amoooo ♥️
Quando eu vi esse filme fiquei em choque. Como pode existir gente tão longe da realidade assim?
Gente SIM
Eu tinha visto no passado umas cenas isoladas desse filme, mas assistir inteiro foi um exercício quase insuportável de vergonha alheia e desespero. Como assim as pessoas falam e pensam naturalmente tudo aquilo? Faz todo o sentido pra entender o Brasil
Luci, ler você é como continuar a nossa conversa. (E os disclaimers óbvios: mas isso não invalida nossos almoços. Mas também isso não quer dizer que eu não goste dos seus textos - pelo contrário! Te acho incrível, mulher!). A minha sensação é que falta muita interpretação de texto... amei a edição!
Ahahahaha aceito todos os disclaimers
Acho que é exatamente isso: falta interpretação e também falta boa vontade de conversar. Muitas vezes vemos rinha de opiniões que sinceramente não levam tão longe...
Superpertinente, Lu! É um real paradoxo esse excesso de ponderações para debates que 3 segundos após terem começado já descambam pra senso comum com data de validade vencida salpicado de ofensas ao gosto do freguês.
Nossa SIM
De nada adiantam as ressalvas se a outra pessoa vai simplesmente entender o que ela queeeeeer (girando)
cada vez que eu leio um texto que tem um bilhão de ressalvas vai me dando uma preguiçona enorme, igual aquela que sentimos quando uma pessoa vai dando voltas e mais voltas pra contar uma história.
Morro de preguiça também. Acho que temos que tentar usar as ressalvas com parcimônia, mas o povo sempre se perde no personagem kkk
Espero que o tédio da literatura passe logo, pois adoro as suas indicações de livros!
Irretocável a parte sobre coisas que na verdade nunca devem ser ditas.
Brigadaaaaa
E pode deixar, jamais enjoarei de livros, tô sempre procurando alguma coisa diferente pra ler e vou trazer outro na próxima edição ♥️♥️
acabei de ler um texto da mary gaitskill em que ela diz assim:
"(...) it’s harder to have gentle tolerance when a mass shooting seems to happen every time you turn around and/or you read/hear about rising rates of suicide in young people, particularly young men. It’s also harder to have tolerance when someone is presenting himself as the killer in the story or is sending you strange emails."
ela está falando no contexto da criação literária e acho que se relaciona bem com o que você apontou da convivência das ressalvas de palmas (amei??) de um lado e a prontidão para odiar do outro.
enfim, gostei de te ler mais uma vez. tá aqui a publicação dela, se quiser ver:
marygaitskill.substack.com/p/the-okayness-of-the-young
Nossa, Ariela, que trecho ótimo! Vou ler super essa news. Eu acho esse um dos paradoxos mais inexplicáveis que vivemos, o do excesso de ressalvas em meio a uma sociedade prestes a odiar qq coisa. É um continuo sequestro do sentido real da coisas né. Tipo uma extrema direita que vira defensora de liberdade de expressão (deturpando todos os conceitos de liberdade e expressão, claro). Brigada pela dica ♥️
isso mesmo, sequestro de sentido! inúmeras narrativas concorrendo por espaço e legitimidade, e a gente nesse meio tentando se orientar, ver o real, estabelecer o que merece ou não espaço e atenção. dizer o quê? boa sorte pra gente! 🌻
sigo assim como você, chocada, porém jamais perplexa. adorei a leitura!!
Brigadaaaa
Eu uso essa frase pra tudo no Brasil há uns 5 anos ahahaha acho que resume bem o meu estado de espírito
Lu, você tem as melhores pautas! Adorei.