.monocultura
#67. brilhou a estrelaaaa. eleanor rigby. feeling monange. o texto e o tempo, vem gente. algoritmos são um agronegócio tipo monocultura. rota 66. janjo. a doguinha resistência.
eu ouvindo ~ahhh look at all the lonely people~ na versão deluxe do revolver dos beatles (todos os títulos parecem ter a ver com nosso momento brasileiro) enquanto coleciono vídeos de bolsominions surtando, fingindo atropelamentos e sendo expulsos pelas torcidas organizadas em estradas brasil afora
é tão bom 💅🏼
(me abraçando me sentindo bem monange)
ai gente como estão todes
pele boa, sorriso no rosto, pensando no lookinho da posse 💃🏼, priorizando assuntos como as celebs que subirão a rampa? então vem cá
antes do texto de hoje, tô muito feliz e consagrada com o encontro que virá e há meses esperamos, que é o texto e o tempo. acontece nesse final de semana, dias 5 e 6 de novembro, criando um espaço lindo para pensar e sonhar sobre newsletters. oficinas, conversas e todos os RÓSTOS das pessoinhas que movimentam a cena das news estarão presentes, incluindo eu.
junto com o eduf (texto sobre tela) e a thais nunes (thais literatura), com a mediação da vanessa guedes (segredos em órbita), vou estar na abertura (sábado, 10h) falando sobre a volta do textão: as pessoas estão voltando a ler ou, na verdade, nunca pararam?
em homenagem à nossa querida menina democracia que está de volta, vou jogar pra vocês escolherem:
inscrevam-se pra gente curtir esse momento juntinhosmmmm
monocultura
livros, newsletters, podcasts e demais textões certamente não estão imunes às modinhas. palavras e ideias do momento atravessam os textos e não poderia ser diferente. e claro, nem sempre o textão é algo democrático - assim como um teto todo nosso para escrever, é preciso ter um teto para ler, além de tempo e alguma formação. construir um leitor leva anos.
ressalvas feitas, acho que o textão irá nos salvar da monocultura que derruba nossa diversidade no mundo.
🌾 na monocultura, como bem sabemos (afinal = brasil), o terreno é ocupado por uma única espécie. não há cruzamento ou fatores inesperados. tudo é simplificado ao máximo. e se surgir uma praga, a gente já sabe.
nesta news do ted gioia (em inglês), ele lista 14 sinais de alerta de que estamos vivendo numa sociedade sem contracultura (que eu até atualizaria para “uma sociedade da monocultura”). alguns sinais que ele aponta falam de padronizações e retomadas de coisas lucrativas já feitas, como remakes que já nascem exaustos ou franquias de filmes, livros e séries no oitavo desdobramento.
conteúdo entre cachos de aspas
outro sinal que ted indica é a falácia de chamar qualquer trabalho de criação de “conteúdo”. esvazia tanto o conceito de conteúdo como quem o produz. inventaram a palavra creator pra tentar dar um up, mas difícil: a maioria só reproduz as mesmas trends e tanto faz se foi creator a ou b que fez. é apagado igualmente do processo em favor de uma hashtag.
tudo precisa parecer-conteúdo e isso não necessariamente estimula a criatividade - pelo contrário, reforça linguagens existentes para realimentar algoritmos. eles extraem a mesma coisa das pessoas e nos devolvem mais do mesmo.
o algoritmo controla o processo produtivo de conteúdo e leva a uma falta de controle sobre aquilo que produzimos, resultando em monoculturas que realimentam bolhas. o algoritmo nos aliena de uma parte fundamental do processo, que é a distribuição de conteúdo, além de interferir na elaboração dele em si.
a criação, que hoje se limita bastante a reproduzir algo ou subir uma hashtag, vira algo totalmente instável: impossível delimitar o campo de quem comunica ou com quem você vai falar. sem audiência definida, o conteúdo não se completa da forma como a gente conhecia (eu bem assumindo que meu público é idoso e recorda a teoria do emissor-receptor).
tudo é ainda mais imprevisível (não necessariamente melhor ou pior) quando pensamos no fim das redes sociais, que deram lugar a comunidades de recomendação. somos uma sociedade sem redes sociais nem antigos laços, em que emissores e receptores nem sempre estão na mesma página - e acho que isso pode até explicar algumas dificuldades para se comunicar atualmente.
♦️ vale também tirar um tempo pra ler essa news valiosa do manual do usuário.
a cultura não importa da mesma forma para todos
como não há mais um grande bloco hegemônico (há quanto tempo não leio essa palavra) de cultura, falar em contracultura ficou impossível e até anacrônico. principalmente porque estamos em imensa desvantagem, recebendo nada em troca dos nossos dados explorados na proporção infinita do espaço-tempo da internet. que tipo de cultura vai surgir? uma pergunta que sequer preocupa as novas gerações, vale dizer. faz mais sentido esta frase:
“a Geração Z é mais capaz de tratar a cultura como um playground com menos dissonância autoconsciente, porque não é tão central para a formação de sua identidade quanto era para [os millennials]. Para eles, o digital é o mainstream. E é descartável. Ser 'alternativo' não tem a mesma moeda, pois é uma identidade acessível a qualquer pessoa” (vox)
como diz essa news do próprio substack, o problema não é o elon musk ter a rede dele; o problema é a gente não ter a nossa (em inglês). até mesmo no sentido de criarmos nossas relações e não sermos apenas agrupados de acordo com os ads que consumimos. plataformas que se sustentam por apoios pagos e não anúncios podem ser uma saída, porque podem driblar a prática de ter seus dados capturados e vendidos em troca da ficção do “conteúdo” “gratuito”. nunca existiu almoço grátis.
o fim das tendências
a monocultura gera outras tantas discussões interessantes, como o fim das tendências. poderia falar horas sobre. elas parecem ter virado uma resposta viral à ansiedade de criar novidades. assim como qualquer coisa vira conteúdo, na monocultura tudo pode ser tendência. dormir tarde, roupas verdes, ter uma galinha de estimação.
a news outra cozinha também falou sobre monocultura e está puro ouro:
algoritmos parecem encontrar seu ponto máximo em imagens e microinformações, que tornam mais fácil criar padrões e monetizar. por isso acho que o textão (newsletters incluídas) pode ser uma janelinha pelo menos para um nicho de pessoas. o textão precisa de espaço e tempo mais dilatados para ser produzido e consumido. não tem uma lógica efêmera ou descartável. seguem com emissores e receptores mais definidos. têm identidade.
podemos ir e voltar no textão, criar nossos percursos que levam a outros textos, bem diferente de uma timeline que tanto expressa monocultura. nada mais revolucionário que reler um livro ou uma newsletter hoje, né.
novamente não temos conclusões - viajei pesado aqui, desculpem ahahaha abaixo o agro
🍿 sweet dreams are made of: this 🍿
essa pauta do turismo do sono é bem distópica né
rota 66
desde quando fui fazer jornalismo, em 2001, sou fã de caco barcellos. sempre em locais perigosos, fazendo apurações foda, roupa amassada, cabelo muito. o que acho uma aula são as perguntas que ele faz: simples, enxutas, acessíveis. são as mais difíceis de fazer e as mais elucidativas. é impressionante esse vídeo e também adorei a série rota 66 (globloplay) sobre o livro-reportagem que joga luz na rota em sp. absolutamente essencial. loucaço ele (no ep 7 tem a cena mais corajosa ever). adendo: caco era muito picolé de limão com as mulher, pelamooor.
sextou com a belíssima doguinha resistência,
que mudou de vida e saiu de curitiba para o planalto
(precisava de planauto, estadão? maybe not)
sobre monoculturas, gosto de seguir a geni nunez (genipapos) no insta.
é eita atrás de vishe.
.
adorei te ver 'ao vivo' no final de semana! <3
abaixo o agro! rs