.elevador
#57. quatro medos. pesquisa dataflows boca de urna. você precisa conhecer a dagny. e precisa ler uma news genial sobre influenciadores influenciados. um caso de epidemia de sono. sextou com pantagal.
elevador é um lance que tem tudo pra dar errado né. envolve medo, mistério, uma roleta de pessoas que podem vir. elevador envolve sorte.
sempre acho elevador uma pequena experiência de constrangimento. nunca conheci alguém que estivesse plenamente à vontade num elevador, se bem que não lembro de ter perguntado isso pra pessoa alguma, abafa. então pode rolar aqui uma pesquisa dataflows rápida pra gente conferir se tô doida (é sempre muito provável que yes i am).
elevador era o tipo da coisa que deveria ser banal no dia a dia, desde os maias, pois pirâmides certamente exigiam esse recurso. mas a verdade é que nunca é um lugar de conforto pra mim.
há alguns cenários (sempre terríveis) possíveis. vamos a alguns deles.
medo #1: aquela merda cair ou parar entre andares
algum filme de terror poderia começar com um elevador que fica entre andares, chamado in between. metade parede, metade chão do corredor e as pessoas são mortas ou algo ameaça ficar entrando. tem um lance de claustrofobia também. e sempre alguém tem um ex amigo que adorava pular no elevador para provocar pânico gratuito nas pessoas. acho que andar de elevador deve ser mais perigoso que andar de carro, preciso das estatísticas e relatórios até 10h na minha mesa.
medo #2: de pessoas entrarem no elevador
acho uma adrenalina totalmente desnecessária quando o elevador para no meio do caminho pra alguém estranho entrar. sei que funciona desta forma, mas tenho direito de querer apenas fazer meu caminho sozinha. fico desapontadíssma quando divido elevador. será que alguém já notou? porque não disfarço. já encarei inclusive alguém na janelinha com meu pior olhar e acho que consegui intimidar o bastante pra pessoa desistir e falar que opa iria esperar o próximo.
vivo dessas migalhas, dessas pequenas vitórias, de descer até o chão sem ninguém cruzar meu caminho. menos é mais.
se algum dia encontrei você no elevador e sorri, eu tava fingindo.
medo #3: de pessoas do grupo do whats do condomínio no elevador
rola sempre um receio do elevador quebrar comigo dentro ou pior, eu acompanhada de um dos integrantes passivo-agressivos do grupo do whats do prédio. hashtag vivo com medo.
estão trocando os elevadores aqui e digo que é um processo longo e caro. estamos há meses pagando os boletos do elevador novo, com apenas um dos dois funcionando. ou seja, com somente um elevador funcionando, as chances de tudo se elevam: de acidentes e de gente entrando. o que segue operando quebra duas vezes por mês em média. as estatísticas totalmente desfavoráveis.
vou acompanhando o andamento da instalação do novo elevador pelo grupo de whatsapp, sempre tomado de comentários indignados de gente clamando justiça e que sempre evoluem para o clima de tochas na tentativa de demissão do zelador, que conversa alto e toma cafezinho o dia inteiro. querem trocá-lo por dois funcionários mais proativos ou por algo eletrônico.
eu não quero ficar perto dessas pessoas.
medo #4: de vapores humanos
nem preciso falar do tamanho do desconforto social e da tensão de compartilhar um espaço tão pequeno com pessoas estranhas. claro, o contexto de pandemia e de fascismo sem dúvida piorou tudo, mas nunca foi ok estar em 1m2 com 3 ou 4 pessoas. é anti-higiênico inclusive. pra quem não sabe, pratico apneia há mais de 10 anos sempre que alguém espirra, tosse ou arrota perto de mim. não consigo simplesmente inspirar vapores e cheiros de ninguém.
também realizo apneia quando um pombo levanta voo na rua perto de mim, deus me livre inspirar #ventodepombo
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também quero saber
parei semana passada nesse vídeo da dagny, maravilhosamente entrevistada por chico felitti.
daí o que é sensacional é que fui atrás (eu tava dedicadíssima esse dia) de quem era dagny e vi todo o documentário completo de onde veio a entrevista. dagny rasmagatta era na verdade uma criação de raony phillips, youtuber à frente de projetos como a série girls in the house, totalmente criada no ambiente do the sims, com 4 temporadas e cerca de 200 milhões de visualizações. tá boa. fico chocada com gente que eu não conhecia até ontem e que atinge esses views.
este gênero de vídeos feitos em games e que contam histórias chama machinima.
todo um universo abriu a partir de dagny.
totalmente. aliás, melhores pets no elenco do sandman - estou fã dos corvos e da gárgula.
falando em sandman, temos na série uma citação à epidemia global de encefalite letárgica que deixou milhões de pessoas catatônicas e em situação de sono eterno na década de 1920. essa matéria da bbc é um espanto.
tanta doença louca no mundo, né.
essencial para seu final de semana essa news ótima do luri, com uma tradução de um artigo que aborda o caminho inverso - como influenciadores são afetados ou mesmo sequestrados pelas crescentes demandas e expectativas de seu público. e como essas pessoas (e o raciocínio também pode valer para marcas) podem se tornar prisioneiras de sua própria personalidade.
“O problema é que não vivemos mais apenas entre aqueles que conhecemos bem. Agora somos forçados a refinar nossas personalidades pelos incontáveis olhos de estranhos. E isso começou a afetar o processo pelo qual desenvolvemos nossas identidades.”
sextou com pantagal. amo uma onça totalmente aleatória, amo pets.
que saudade de te ler!
deixei o texto pra depois e amei ler hoje.
Eu conheci meu marido no elevador, então rola tipo uma dívida de gratidão. Mas ri alto com essa edição. Perfeita!