.abandono
#69. menino melon. koo on fire. por quê nos apegamos a redes. energia caótica. haraway, madonna e methânia. livros e séries: você abandona fácil ou insiste?
originalmente essa news seria sobre livros e séries que abandonamos. ainda pode ser, mas não há como deixar de falar do TWEXIT rolando há dois dias depois da confusão do sooo special MENINO MELON1. o tópico abandono ganha força na bolha e o clima é de nostalgia. eu não sentia desde o fim do google reader, mas essa sou eu. e nada está perdido, vamos aguardar 72h pois tudo é frenético.
quando abandonei o facebook, foi zero sentimentos. tinha o lance de “ah mas onde vou ficar sabendo dos eventos?”, ao qual sobrevivemos. tinha amigos, claro, mas o whatsapp preservou contatos próximos e ficamos livres em outras redes, cada vez menos sociais e mais de recomendação a partir de algoritmos.
com o colapso do twitter tem algo diferente, até certo ponto leve e bem humorado (especialmente porque a rede substituta chama KOO, e a terceira série que habita em mim pula elástico com a terceira série que habita você).
koo é claramente inviável para brasileiros
seria um fim tão melancólico e mal resolvido que é difícil se conformar, depois de tanto entretenimento entregue. MELON fazendo esse evento-teste de inferno me dá um ódio. fora a tragédia emocional e financeira para os diretamente afetados. somando ao metaralho da semana anterior e às demissões da amazon, é algo a se pensar. bateram no teto de gastos?
é intrigante o conceito de abandono na internet, onde tudo é tão etéreo. criamos outras âncoras, talvez uma saudade do que se sentia, da lembrança de comunidade, mais do que da plataforma em si. nós humanos insistimos em dar materialidade e preencher tudo com nossas memórias e expectativas. nutrir laços por uma plataforma e torná-la parte do cotidiano é curioso, mas com o twitter foi meio isso.
tenho um afetinho pelo twitter. estou vivendo o momento, olhando para o tweet museum chorando de óculos escuros escorrendo pela parede not. é uma rede associada a jornalismo. baseada em palavras-caracteres, como faziam os maias, ainda que comporte bem fotos, gifs, vídeos. evidente que há interesses capitalistas, além de tóxica e potencialmente ameaçadora como qualquer outra, mas a essência se manteve de certo modo. ser uma timeline-raiz pode explicar um pouco da comoção.
o que a galhofa e o surrealismo unem ninguém separa. o twitter traz isso sem exigir estrutura, muito investimento de tempo ou desinibição. um certo anonimato é possível, para o bem ou o mal. dá pra fazer arte só com espaçamentos, emojis e tesoura sem ponta.
twitter pra mim é ver o povo desfilar, julgar, conviver com nomes ótimos de perfil, repercutir no calor da situação desde os maiores acontecimentos até os detalhes-pipitas e coisas aleatórias, ver vídeo de pets ou gifs de patriota passando vergonha, ler aforismos maravilhosos. ao mesmo tempo, virou canal oficial de governos, artistas e tudo mais. louco né.
lula blasé quanto a plataforma
foi no twitter onde comecei a abrir mão da pontuação e assumi a energia mais caótica na escrita e nas observações.
ainda que tenha meus 5 minutos de fama com o meme #SituaçãoDeBarril, nunca fui uma grande twitteira - me dedico a CURADORIA (risos). sempre girando enlameada nessa serra pelada garimpando ouro e pipitas.
enfim, já superei, abri meu koo e ele é @flows, mas ainda não estou ativa ahahaha apagar o que tiver que ser será
me emocionei com a partida de gal e escrevi uma news sobre ela. disponível apenas para assinantes - pessoas lindas que ME SUPORTAM. se quiser ler essa e as anteriores exclusivas e ainda apoiar uma pequena produtora de conteúdo, só vem.
momento divas
madonna, donna haraway e METHÂNIA
+
retomando o tema original
tinha planejado falar sobre abandonar livros e séries. nem lembro o que ia escrever mas tenho a seguinte opinião:
livros: não abandono por pior que seja (não me orgulho e sofro)
séries: desisti de muitas mas me dá um toc terrível quando entro no app tv time e vejo mil começadas. se pessoas em cujo gosto confio me recomendam muito, dou uma chance maior (3 episódios)
filmes no cinema: jamais, fico corajosamente até o fim
este ano tive frustrações com livros. quase metade dos que li tive vontade de abandonar. o problema pode ser eu. os motivos são que
não é o momento certo (me recusei a ler coisas super tristes durante nossa idade média),
também ando detestando draminha de homem branco (nessas, quase abandonei dentes, do domenico starnone)
e alguns acho arrastados ou repetitivos. ainda assim insisti em um (voyeur, do gay talese, achei uó)
sei que preciso aprender a parar, valorizar meu tempo ganho ao desapegar.
sextou mores
cuidem de si e das plantas
[enviado em 19.11.2022]
contém ironia e ódio
Não sei dizer qual foi a melhor parte desta News, tô rolando de rir com o Koo e a Methania. Eu largo livro, série e filme sem dó - mas jamais no cinema. Acho uma afronta. (Mentira. Saí no meio de “Gravidade”, por motivo de 37 semanas de gravidez e que há um limite de quanto tempo você consegue ver alguém girando no espaço.)
Você de fato é a melhor curadora do Twitter rsrs! Chorando com Methania!