.parque
#24. augusta. vento na cara hackeando o capitalismo. as inseparáveis. reflexão sobre amizades. indicação de luxo que trouxe um monte de gente linda. sextou com elke, clara, gal & outras maravilhosas.
gentemmm, e a inauguração babado do parque augusta? quando penso que aquele quarteirão repleto de árvores e construções centenárias chegou perto de virar mais um prédio-shopping em porcelanato alto brilho e torneiras com temporizador (sei da importância mas detesto), dá um arrepio. porque após anos e anos de luta finalmente ele EXISTE.
em vez de pessoas que iriam beber em torres de chopp na praça de alimentação envidraçada ouvindo barulho de painel de senha, recebemos no nosso lindo parque a mais bela e ensolarada diversidade.
fui no sábado passado, dia da abertura, e o que vi me encheu de felicidade - algo que não sentia há tempos aqui em sp. o parque cheio, pessoas tomando sol em toalhas, cachorros brincando, crianças correndo, casais mil, mil amigos, pessoas sozinhas com seus livros. uma energia boa de “finalmente” e um transbordamento. por alguns minutos esqueci que tava no brasil2021 s03e37373637.
foi uma primeira visitinha muito rápida de reconhecimento, mas que só me deixou com muita vontade de estar lá o tempo todo e explorar cada banquinho embaixo de cada árvore, ler um livro em cada metro quadrado dali, sentar em every single graminha fazendo piquenique.
bela vista agora sim melhor bairro de são paulo
(caso alguém tivesse ainda alguma dúvida)
sempre achei um completo luxo essa coisa de parque em cidade grande. tem uma vibe, não sei explicar, um lance moderno e cosmopolita, uma sensação meio livre e chic, esse poder de escolher qualquer lugar aleatório e sentar, ocupar.
mas acho que o que mais me faz amar parques em grandes cidades é passar esse desaforo na cara do capitalismo. vale simplesmente por um skincare imaginar que temos:
um terreno imenso cheio de árvores,
que vale milhões
mas não está à venda
e que acessamos sem pagar um centavo,
reunindo pessoas em total ócio
em pleno centro de são paulo.
sério, eu amo esse vento na cara, essa emoção de falar: capitalismo, vá se lascar. tô na graminha fazendo nadaaaaa. observe eu não sendo produtiva para o sistemaaaa. e cuidando da minha saúde mentaaaaal tomando sooool.
viva o parque augusta.
e que venham mais parques legais por aqui e nas outras cidades.
imagens aéreas de cada cantinho do parque augusta que são um verdadeiro asmr (sou bem fã desses programas de mundo/brasil vistos de cima kkk).
as inseparáveis
estou lendo esse livrinho que é tudo na vida, pequeno e recomendado por muitos amigos de bom gosto. as inseparáveis, romance com tintas autobiográficas de simone de beauvoir (record), é daquelas histórias-delícia entre amigas. no caso, élisabeth lacoin vem na personagem de andrée gallard, a zaza de outros romances de beauvoir; e simone ela-mesma aparece no livro como sylvie lepage.
a história acompanha o amor-amizade das meninas, com mais foco na andrée, que parece inicialmente muito livre mas depois se revela aprisionada por mil protocolos de uma família super católica. a jovem simone, claro, tá observando, julgando, anotando tudo sobre opressão desde criança para depois brilhar no segundo sexo.
ainda estou na metade, mas o que acho mais legal é como a amizade delas é profunda, pautada por muita conversa e muita cumplicidade, em momentos super banais. acredito que a gente crie nosso repertório emocional em cima desses diálogos, dessas relações, com pessoas profundas e interessantes que encontramos. que se aproximam da gente pelos vários acasos do mundo e, depois de mais algumas seleções naturais da vida e da urna eletrônica, são promovidas e enfim se tornam nossas amigas.
impossível, ao longo da história, não me lembrar das minhas melhores-amigas de cada escola por onde passei, os recreios em que a gente trocava confidências, cadernos de perguntas, álbuns de adesivo e figurinha, testes de revistas e opiniões sobre absolutamente tudo, de músicas a pessoas. confabulando sempre.
amei esse trecho com tantas descobertas sutis de como funciona a sociedade:
fiquei pensando em como (ou quem) eu era aos 14, 15, 16 anos. o que aquela versão diria para a luciana de hoje? como a luciana de hoje enxergaria e conversaria com a luciana do passado? como eu era como amiga?
o que resta de mim desde aquele tempo e que nunca mudou? e o que se transformou nesses anos? quem serei daqui a mais 15 anos?
esses livros que tratam de amizades sempre me atravessam com essas ideias, porque sei o quanto fui e sou moldada pelos amigos. muito do que sou devo a todos os que passaram pela minha vida.
ai que profunda ela. mas leiam as inseparáveis, é bem legal. daqueles livros pequenos que são bons para intercalar com maiores - já que estou eterna na biografia imensa da lina bo bardi (depois conto desse).
e essa indicação de luxooo
amei demais esta seleção de news, todas valem muito a pena assinar! e a humilde flowsmag fica super honrada e feliz de estar fazendo pessoas felizes nas caixas de entrada por aí.
totalmente dro-ga-da nesse perfil (mais um da trend acervos) com várias cenas cremosas de novelas, especialmente barracos excelentes. se você sabe quem foi branca letícia de barros mota, vai amar.
vi uns 87 vídeos em um dia ao acordar, mas quando eu quiser parar eu paro.
não percam a tatuagem de henna escrita NANDO, por favor:
sextou com a energia dessas lindas
(pela cara dá pra adivinhar até o signo de cada uma né, amo).
Pronto, agora já quero ir ler As Inseparáveis no Parque Augusta ❤️