.olímpica
#10. vendo os jogos. minha casa de shows simone BAILES. esportes na infância. yoga podia ser modalidade olímpica. madonna de novo. deep fake do paul. silêncio estratégico. links e amenidades sempre.
FLOWSERS kiridos, sei que ainda estou devendo dezenas de respostas aos emails e comentários amados de vocês, mas a culpa é do capitalismo que não me deixa ser EU MESMA.
juro por essa news morta que irei responder todo mundo, porque nesses emails rolam muitas conversas maravilhosas, novas amizades, VOCÊS SÃO OURO. NÃO QUERO DEIXAR O NEOLIBERALISMO APAGAR ESSA CHAMA NÃO QUERO. vamos assumir o slow e boralá.
falando em ooooro, escrevo essa news em um frenético ritmo olímpico, a tv ligada aqui direto nos jogos, emocionada com a prata de rebeca andrade representando nossa amazing família andrade. no horário em que chegar essa news, sei que ninguém vai ler porque estará vendo alguma modalidade ótima na tv E TÁ TUDO BEM, a news estará sempre dispon´ível a qualquer momento no globoplay (alok).
no início das olimpíadas, eu tava super reticente em acompanhar e torcer. sei que tem muito histórico de atleta reaça ali, é bem difícil separar as coisas (cada vez mais). abri algumas exceções, espero não me arrepender, mas realmente gosto de acompanhar tudo o que é esporte, toda trabalhada no salto grupado na ginástica, xerecando no skate, manjando o que é slalom, ficando tensa com o apito de partida da natação (gente, eu demoraria 4,8 segundos pra colocar o pé na piscina e avaliar se tá gelada, provavelmente perdendo algumas chances ahahaha).
vou até o fim quando se tratam de jogos olímpicos. fora que há um ganho de qualidade de vida considerando que antes a gente tava maratonando CPI da pandemia (que já vai voltar, eu sei, mas me deixa sonhaaar).
refletindo como o verbo maratonar nunca foi tão sedentário, pensei nisso agora.
também produzi este trocadilho essa semana, que apenas vocês assinantes saberão e vão manter em segredo ME PROMETAM TOQUEM NA TELA ME PROMETAM.
mas falando sério, muito potente a atitude da simone biles de abandonar os jogos, acho fundamental desnaturalizar o chegar ao limite. achei ótimo o podcast da renata lo prete, o assunto, sobre esse tema, com a maravilhosa vera iaconelli, autora de frases ícones como a imagem 2 deste post:
sempre fui péssima em esportes
a educação física na escola era um tormento pra mim. eu não tinha força alguma pra lidar com uma bola de basquete, não sei pular corda (ainda hoje), na queimada (que no ceará chamamos de ‘carimba’) eu era sempre a primeira a ser atingida. futebol e vôlei nem pensar. ping pong também não, pessoal chamava e eu ’nahhh obrigada, to aqui ocupada’ (minto sempre que posso). se você me jogar um negócio e falar ‘pega aí’, tipo uma caneta, algo bem corriqueiro, eu deixo cair. joguei um micro handebol na escola, mas também era péssima. ‘péssima em tudo o que faz’ seria meu slogan, se eu tivesse um slogan na escola. me pergunto como não desenvolvi nenhum trauma dessa época - se eu cavar aqui quem sabe encontre. bicicleta: não sei andar até hoje.
eu era feia na escola (não que hoje eu seja OLHA ELA, mas melhorei, a pele de hoje é melhor do que quando eu tinha 15 anos, comprei) e tinha inveja das bonitas do vôlei: as meninas que usavam micro shorts, a joelheira na canela, sempre populares. os esportes sempre deixavam as pessoas famosinhas, na semana cultural da escola tinham as competições, eu até gostava de acompanhar. enfim, tive que criar minhas próprias estratégias para viver: tipo, ser a amiga engraçada da galera. ainda hoje funciona às vezes.
o que eu realmente sabia era patinar, como boa LU, não é mesmo (lu patinadora, procurar. caso tenha alguém GenZ aqui neste grupo). desde uns 6 anos tenho memórias de muita velocidade e aventuras. ainda hoje dou uma patinada legal, preciso retomar (tudo eu coloco um alarme no celular).
e como nenhum esporte coletivo era possível pra mim, comecei então a correr faz uns 7 anos. me encontrei. não precisa de coordenação motora, basta uma roupa, um tênis e BLACK KEYS, só corro se tiver black keys tocando. TENHO MEUS RITUAIS. eles marcam o pace perfeito, depois me fala se não é. foi o mais próximo que cheguei em nível de desafio, quebrar meus limites (a pób) e extravasar o estresse.
afinal sou uma pessoa aparentemente calma, que no entanto por dentro conserva a pira olímpica do ódio sempre acesa mesmo sem jogos acontecendo, para usar uma metáfora temática.
yoga olímpica
sei que yoga não é exatamente um esporte (aliás, li em algum lugar que é chamada de ‘tecnologia de transformação interior’ e amei, é isso), mas hoje virou minha principal atividade. podia super ter yoga na olimpíada né.
poderia ser: o pessoal fazendo as asanas e o narrador: "agora ela faz o cachorro olhando pra baixo, muda pro golfinho, se movimenta agora pra fazer a prancha”, aí vem a comentarista falando que “a saudação ao sol foi bem executada, as pernas juntas”. e o narrador retoma, “salta pra frente, alonga, guerreiro 1, guerreiro 2, será que ela completa o guerreiro 3… completou, é medalha de ouroooo”. 🏅
meu primeiro dia na yoga
era outubro de 2019 quando entrei bem desacreditada na aula de superioga, meio dia. o máaaaximo que eu já tinha chegado perto dessa prática era tomando chai latte do starbucks - não gente, mentira, tinha feito algumas aulas antes, mas nada com muita continuidade. mas não sei, eu tava com a vibe aquele dia.
uns 40% dos movimentos e pausas eram impossíveis pra mim. eu em negação sempre, quando o professor demonstrava o briefing do movimento seguinte, que seria passar o braço por baixo da perna e a cabeça também por baixo e dando três voltas por cima, numa escultura impossível, toda torcida. aí eu até fazia, chegava nesse estado precário, suaaada, sempre trêmula, a ponto de desmanchar. e ele: “respire”. e não só. completava com: “e permaneça”. no começo eu pensava nervosa HELLO, mas depois fui entendendo.
e então veio o estalo. nos ombros, onde sou absolutamente travada, mas foi aquela epifania. entendi a vibe da transformação interior. não julgar, não achar que é impossível, não antecipar sofrimentos que às vezes nem chegam. respirar e permanecer. funciona. dá uma calma mesmo quando você tá com o peso do corpo sustentado na ponta do mindinho do pé esquerdo, antes improvável. fica tudo num limite, num equilíbrio difícil de manter. mas se vc respira, vem a calma que ajuda a simplesmente permanecer. não é pirâmide, funciona mesmo.
professor ricardo, se este bilhete na garrafa chegar até suas mãos um dia, você mudou minha vida.
vale sempre destacar que a superioga é um negócio que pode ser insano. existem centenas de tipos de yoga, umas mais soft, outras acrobáticas, todas são lindas e boralá, a superioga no caso é puxada, uma loucura o que a gente sua e como trabalha tudo. acho maravilhoso, mas requer esforço.
na falta das aulas presenciais, minha santíssima trindade do youtube é composta de cat meffan, nicole wild e kristina matskevitch. para quem se anima em começar a fazer, a pri leite é uma boa.
olhar para si é revolucionário
lembrei de outra coisa que o professor falava que quase me fez chorar um dia (eu tava sensível): na yoga você está sempre olhando pra você. achei lindo. veja esta cena 1: você agachada suando, sentada num banquinho imaginário, ele fala “fique na pontinha do pé” (a primeira reação era sempre HELLO) e você estende os braços pro alto e olha pra suas mãos. pra você. 💛
ou cena 2: você tá toda embolada e ele manda olhar pro dedinho do pé. é tão sutil gente. você sempre olhando pra um pedacinho seu. a gente não se olha, cara, tem dias inteiros que passamos sem nos enxergar de fato. é lindo e revolucionário num mundo em que somos levados a fugir de nós o tempo inteiro, postando, cancelando, não ouvindo.
você parar uma hora por dia e olhar pro seu dedinho, com a roda do capitalismo lá fora faiscando - fala sério, a yoga veio pra bugar o sistema, pra agitar a galera, te encontro no vão do masp agora pra derrubar o governo e queimar de novo o borba gato
ando muito obcecada pelo ódio aos algoritmos e ao sistema, o que anula toda a paz e o sentimento de aceitação e contemplação conquistados na yoga, mas tamos aí na busca.
e claro que fica fácil criar uma narrativa coach, como já se tornou uma tradição após 10 edições de flowsmag uhuu 🎂. algo que conecte yoga, marketing e metodologia ágil, algo que esvazie ou superestime essa experiência - o LinkedIn tá aí com exemplos diários.
mas a idéia hoje é tentar.
é sobre começar algo ou aprender só o básico. respire e permaneça.
lindo demais, gente. ó: arrepiada.
yoga pop
os beatles e a madonna já fizeram músicas com essa energy da yoga. na across the universe dos beatles tem até mantra, eles são demais, né. mas colocarei aqui uma menos conhecida deles, que precisei de uns 35 anos para começar a gostar. esse dia chegou.
te juro, você vai passar uma semana cantando shanti shanti da madonna.
🔸 links & afins
nossa humilde flowsmag (para os íntimos) está incluída no riquíssimo diretório de newsletters brasileiras do ricardo ghedin, cuja newsletter manual do usuário acompanho há anos. e qual não foi minha surpresa quando ele disse que já conhecia aqui! explodi de orgulho aaaa. vejam muitas news legais nesse diretório e assinem, bastante coisa boa
e eu lendo inocente e floral mais uma maravilhosa news da luisa, a doses de tiquira, quando vejo uma menção a essa flows magazine que vos fala. gente, sério, não sei lidar, apenas posso agradecer. é muita fama, ainda bem que ando de máscara na rua senão minha vida estaria insuportável dando autógrafos
vale acompanhar a hashtag #silencioestrategico que cristina tardáguila vem subindo no twitter, sobre não amplificar a loucura nas redes
“já éramos muito maus antes da internet”, afirma pierre lévy nessa entrevista e com uma foto bonita da sala dele
e o pitéu que ficou o paul nesse deep fake do novo clipe dele?
o insta bag dogs é a boa de hoje para sorrir
e vamos doar o que pudermos para o pe. Julio Lancellotti comprar cobertores e ajudar mais gente nesse frio danado (enquanto escrevo, a sensação térmica em sp é de 2 graus)
beijos e sextemos olímpicos 🍷
Posso te chamar de Mana? É o nome genérico-carinhoso das minhas amigas. Nossa, que edição deliciosa. Me lembro do porquê eu me apaixonei pela Yoga, acho que pelo fato de termos sido sempre levadas a nos negligenciarmos, e a Yoga nos desnuda.
Hoje vou desenrolar o tapetinho já empoeirado.
<3
Posso te chamar de Mana? É o nome genérico-carinhoso das minhas amigas. Nossa, que edição deliciosa. Me lembro do porquê eu me apaixonei pela Yoga, acho que pelo fato de termos sido sempre levadas a nos negligenciarmos, e a Yoga nos desnuda.
Hoje vou desenrolar o tapetinho já empoeirado.
<3