.emergências
#59. ui quantas edições. eu suja e sem comer não duraria nada numa invasão zumbi. estranhos medievais. resgate na caverna e woodstock. sou elena sou ferrante. vibrando muito no fim de mês.
como você se sairia numa situação real de emergência? real oficial de perigo, cataclisma e tal. filmes ou documentários recentes sobre situações extremas me fizeram pensar em como eu me comportaria. claro, tudo super hipotético, a gente sabe que na hora h (uh) tudo é diferente do que a gente imagina. o controle é quase sempre uma ilusão e isso é tranquilizador em grande medida.
geralmente minha conclusão sobre participação em emergências é: eu não duraria um dia. vejo filmes de guerra, zumbis e demais tragédias, com pessoas molhadas e sujeiras grudadas na cara, matando seres sebosos, lidando com espingardas, sem banho. penso: não é pra mim.
não tenho coordenação motora pra abrir uma bolacha, imagina fazer silêncio pro monstro passar sem me ver ou manipular um revólver na pressa. ia passar vergonha. tem filmes inteiros que consistem basicamente em correria, agilidade, as pessoas não param pra dormir ou pra fazer um sanduíche. não tenho estruturaaa. também tem as situações de largar tudo rapidamente. acho que melhor não, porque não sei escolher coisas com pressa.
eu estragaria o começo de um filme de terror, porque dificilmente gritaria hello ao entrar numa mansão abandonada ou hello em geral, nem checaria barulho estranho. nem frequento mansão.
divisor de águas
anos atrás, teve um vazamento de gás gigante na rua em que eu morava, de madrugada. não sei como acordei, mas despertei, olhei pra baixo e tinha uma galera super preparada na rua - pessoas com malinhas (admirei e fiquei recalcadíssima porque eu não tinha kits), levando cachorros, organizados para emergências. pensei: tá, vou me vestir, colocar a coleira no igor, pegar o celular e descer, fiz dois telefonemas e levou uns 15 min.
fosse uma coisa urgente, eu teria perecido, porque fui trocar de roupa, não iria descer de pijaminha (um dos meus medos secretos é ter um incêndio ou desmoronamento e eu estar no banho sem tempo de me preparar). rolaram bombeiros na rua, aquela cena de filme e felizmente nada de sério aconteceu. mas esse dia me deixou reflexiva sobre minha tranquilidade diante de situações-limite repentinas.
meu coração aquariano, que cabe num vidrinho de alcaparra, pode ter a ver (na moda agora, coração de pote). detesto emoções desnecessárias. evito.
filme baseado em fatos surreais que mexeu comigo
treze vidas: o resgate, da amazon prime (trailer), conta a história dos meninos de um time de futebol presos numa caverna submersa na tailândia em 2018. nível: mais de dez mil voluntários fizeram parte da operação, cujos detalhes recuperados pelo filme são insanos. ainda que tenha cenas repetitivas, como os vários mergulhos e tentativas para o resgate, o diretor consegue deixar a gente sem fôlego todas as vezes junto com a equipe - entre eles, os interpretados pelos ótimos colin farrell e viggo mortensen. imperdível, emocionante e, claro, me fez me colocar no lugar ali.
é o tipo da situação limite que coloca muitas coisas à prova. é no limite que a gente se revela. quanto tempo você aguentaria ficar numa caverna escura e molhada com fome e com mais 12 pessoas, sem perspectiva? a falta de perspectiva mata por dentro o ser humano. achei bonito (não é spoiler) que os meninos da tailândia vão levando a situação juntos, na base da meditação, unidos com respeito mútuo e ao técnico que estava com eles.
fossem meninos americanos, sinceramente, teria virado um senhor das moscas em poucas horas, um canibalizando o outro e em dois dias já teria uma disputa capitalista sobre comida ou sobre quem seria o CEO da caverna.
e o processo que envolvia o resgate? foi a coisa mais louca que já vi na vida. apenas assistam.
twitt-pepita da semana
colabore com minhas bochechas coradas você também
na última edição paga, sexta passada, falei de prédios e a loucura imobiliária em sp. hoje compartilho essa thread que tem a ver com a treva que são esses lançamentos repletos de conceitos, oferecendo nft, estúdio de influencer, neuroarquitetura e outras amenities na tentativa de convencer a pagar uma pequena fortuna por um estúdio de 12m2 com lazer no rooftop.
querem receber a próxima news de sexta, ler todas as edições anteriores e ganhar amenities como a news especial extra?
é fácil, kiridos, basta assinar a versão para apoiadores e cultivar essa flows orgânica de uma pequena produtora.
vibrações positivas kkkk alok
vento na cara e a emoção de roubar mudinhas na terceira idade
woodstock-limite
falando em situações-limite, sempre podemos inserir um ambience de festival. mas pode ser sempre pior. um documentário com momentos absurdos é trainwreck: woodstock ’99, na netflix (trailer) em três episódios curtos (uns 45 min cada).
é um crescendo de decisões e acontecimentos que misturam ganância com pouco investimento e falta de conexão com a realidade. tipo o fyre festival, que foi uma tragédia mesmo sem ter acontecido. do lado do público, o documentário vai montando a bomba-relógio com uma sucessão de eventos bizarros que vão fornecendo mais combustível.
vocês lembram desse festival de 99? puxei pela memória e não lembro de ter repercutido na minha então bolha. mas ali faz pensar que estamos sempre numa linha muito tênue entre civilização e barbárie, que falta riscar um fósforo pra tudo explodir, sempre no limiar. de arrepiar.
memórias dos anos 90 que amo:
o perfil weird medieval guys é sempre ótimo pra gente descontrair
sextou com espaguete numa boia em capri bem surrealista com as amigas
Ri muito com essa news! Me identifico 100%: não vejo forma de sobreviver o iminente apocalipse que um dia virá :D
Como pessoa que escolhe o que a gente vai assistir lá em casa, descobri que o argumento “vamo assistir, pq a luci recomendou na flows” é altamente eficaz (to olhando pra você, treze vidas o resgate”