.de buenas
#51. 10 dicas porteñas com preços y toda la berdá. palermo é tipo vila mariana, mas também tem um quê de bela vista. livro de lá que estou lendo. please quilmes.
voltar de viagem é aquele mixed feelings danado. fico depret pois tudo acabou, bem trágica e líquida pelas paredes; do outro lado, amo voltar com a mala cheia de coisinhas doce de leite pra casa e de experiências boas. adoro andar em ruas com lojas bonitas e cafés, comer bem, uma bibidinha marota, um museu interessante, comprar um livrinho.
semana passada estive em buenos aires e, embora estejam tão lascados quanto nós economicamente, a cidade segue um charme-delícia. ficamos em palermo hollywood, uma das trinta e cinco filiais de palermo (soho, botânico, chico etc). palermo parece ser uma espécie de vila mariana: os limites são expandidos ao sabor da especulação imobiliária, você anda 20 km e ainda está em palermo.
ao mesmo tempo, palermo lembra a bela vista (cocôs naturais de pets e humanos nas calçadas) com cafezinhos, coisinhas pra ver e boa vibe. por outro lado, o bairro está tomado de tapumes de construtoras tipo são paulo. tá osso para todos.
alguns preços são incríveis. por uns 70 reais você come e bebe feito rainha - enquanto em sp isso paga um gin tônica com bolovo sentada em um pneu. os vinhos são 70% mais baratos em média que no brasil. um caro (d.v. catena merlot-merlot) custa 60 reais. tomei um de 16 reais, otro loco más, que foi o malbec mais delícia dos últimos tempos. revi meus posicionamentos e estou adepta do malbec.
já livro achei caro, igual no brasil - entre 60 e 100 reais foi a média do que vi. roupas: tudo caro e comum. lojas de coisinhas de casa: vale garimpar itens baratos com design. museus: fomos em dois, o evita e os túneis subterrâneos recém-descobertos do el zanjón de granados.
sem mais milongas, trago 10 dicas de buenos aires (além das medialunas, que amo).
ótima empanada. tudo é super jugoso (suculento ao extremo). a massa é diferente, amarelada e crocante. é um lugar mega simples em uma galeria, então nada de luxos. quanto ao malbec de garrafão, deu tudo certo.
restaurante do bairro, PIPITA DE ORO da viagem. incrível a empanada: 12 unidades por menos de 50 reais, joguei aqui a informação. com uns 40 reais você leva a milanesa napolitana para dois muito boa ou a polenta com estufado (uma carne de panela bem saborosa) para dois. todo dia a gente ia lá pegar o jantar, então os garçons já estavam dando oi bem maravilhosos. o chimichurri é emoção e um pote custava 4 reais, estou chorando - toque na tela, você pode me sentir?
livraria charmosa com um bar dentro (alô são paulo: quero). funciona em horários um pouquinho até mais tarde, incluindo finais de semana, então dá pra finalizar um dia em grande estilo lá.
na lista de melhores bares do mundo, é a paradinha perfeita depois da libros del pasaje. adorei os drinks (em média 30 reais), com destaque para o fernet sin coca (inspirado no fernet con coca - cheguei na faixa etária de gostar dele tb), reproduzindo o sabor do refri com folhas de coca e café.
lojinhas
a elementos argentinos tem tapetes com estampas e cores lindas, mega artesanal. monoblock tem pôsteres legais. na morph comprei saboneteiras e um bowl maravilhosos (quando eu quiser parar eu paro). na the candle shop tem aromatizadores lindos que a gente joga naturalmente na décor da sala (sou dessas).
outro selo PIPITA DE ORO. os vinhos mais baratos de todos os tempos, com excelente variedade, custando a metade LA MITAD do que em outros mercados. não espere além: alfajores e doces de leite melhorzinhos têm no jumbo, no disco, em outros lugares.
o choripan é lindo. não é suuuper barato, mas quando a gente converte e fica lidando com bolos de dinheiro, até esquece. o combo com dois sanduíches, duas cervejas patagonia e uma batatinha custa uns 130 reais. mas digo que ele fica na memória e satisfaz super.
brunch no parque el rosedal (há outras filiais), perfeito num dia de sol. fica aberto até a noite. porções gigantes e saborosas. o espaço fica debaixo da ponte onde passa o trem, junto a outros cafés e bares de clima novaiorquino. aguardando batizarem a região de palermo brooklyn em 3..2..
sou 90% vegetariana, então quando como carne é quase uma cerimônia. e aqui foi isso. surreal o sabor que conseguem de cada ingrediente, a carne é divina e eu falaria dela por horas. eles são tão autoconfiantes que a faca sequer tem serra - porque é ultra macia. a empanada foi a melhor da viagem pra mim, frita tipo um pastelzinho. a sobremesa vou precisar aprender a fazer: torta vasca com compota de kincan. choro de saudade.
cuevas
diquinha que vai mudar sua vida, de ricardo freire, do viaje na viagem. meio sem querer achamos uma cueva e trocamos os dólares por pesos (no minuto 06:15 desse vídeo ele explica). mano do céu. simplesmente nosso dinheiro dobrou, porque a cotação é tipo 80% mais vantajosa do que em casa de câmbio. tô até agora sem acreditar.
“deixo aos vários futuros (não a todos) meu jardim de caminhos que se bifurcam”. adoro este conto de jorge luis borges: o jardim de caminhos que se bifurcam. e essa frase se conecta tanto à news de hoje, sobre buenos aires, como à última edição que foi para assinantes, sobre jardins digitais. quer ler? é fáácil, kiridinhe, basta assinar para receber a news todas as sextas.
o cantinho.rj também esteve em buenos aires e tem várias dicas nas fotos:
estou porteña lendo sulfuro, de fernanda garcía lao, que ganhei na viagem. novela estranha e obscura, mas ao mesmo tempo cotidiana e irônica.
a protagonista sem nome começa a história em seu segundo casamento, sempre tentando fugir de casa e vivendo uma vida de merda. vai rememorando o passado, violências do primeiro casamento, perdas e a infância em uma família disfuncional (ela filha de um proctologista que tinha ataques de riso com uma mulher suicida). ela se conecta com os mortos do cemitério do outro lado da rua, então tem uma energia de ‘entremundos’ e mistério, mas tudo natural - não há terror. cada banalidade é interessante. torço pra que seja traduzido pro brasil.
morri de rir de uma passagem no início, porque super me identifiquei com o medo aleatório dela de acordar grávida que nem a virgem maria - convenhamos, imagina o pânico disso acontecer e um anjo te avisar o que rolou.
aqui uma entrevista da autora, em espanhol.
é osso indicar um livro que não tem aqui, então seguem autoras latinoamericanas com a pegada de histórias estranhas: maria fernanda ampuero (rinha de galos), mariana enriquez (as coisas que perdemos no fogo), samantha schweblin (quero super ler o sete casas vazias), andrea jeftanovic (não aceite caramelos de estranhos), agustina bazterrica (li saboroso cadáver em espanhol, adorei e está em pré-venda a edição brasileira), mónica ojeda (é ótimo o las voladoras e estou pra começar mandíbula, este em português)]
esqueci de alguma? indiquem nos comentários =)
sextou
please quilmes ;)
Não li essa edição na data enviada porque: eu estava de férias em Buenos Aires! Uma pena, perdi dicas boas, mas essa é a prova de que Baires é cidade pra voltar várias vezes. Todo mundo tem uma dica imperdível de lá, e elas não se repetem, inclusive todas as dicas daqui são novas pra mim. E é tudo imperdível mesmo. Portanto, dicas anotadas para a minha volta, que já comecei a planeja do avião quando estava triste de ir embora. Obrigada!
adorei, Luci! estava lendo até outro dia o Parque das irmãs magníficas (Camila Sosa Villada), que entra nesse clube de história estranha pelo tom da narrativa. um dos melhores do ano!