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#28. polvos animais contemporâneos. mudança. momento revelação discovery. marie kondo. seis anos de sp. cena do ódiovisual. sextou com rossy de palma. & feliz natal a todos os flowsers cálidos.
enquanto escrevia, escutava o disco abbey road dos beatles e achei tão do bem a letra de octopus’s garden. engraçado como eles fizeram músicas sobre todos os temas, tipo qual outra banda abordou o tema polvos, que são hoje animais super contemporâneos? maravilhosos
essa foi a última news que escrevi na casa onde morei quase seis anos. quando ela for enviada, sexta-feira cedinho, já estarei instalada no meu novo apê, acordando para arrumar o ambience de natal. continuo forever na fascinante bela vista, subi dois quarteirões só. mas mudanças são sempre intensas. é a 11a casa da minha vida. acho cabalístico simbólico significativo.
o processo de rever tudo o que a gente tem é assustador. eu pelo menos me senti sendo exposta na discovery em algum reality de acumuladores, tudo meu enfileirado num gramado e o psicólogo me revelando: veja, tudo isso é seu. a câmera fecha no meu semblante em choque e vergonha diante de quilos de utensílios de cozinha. gente, a conta não fecha. uso o mesmo short há dois anos, mas tenho um guarda-roupa gigante. não bate. 🧐
e a gente vai se encontrando com versões nossas anteriores, né. tipo - onde eu estava com a cabeça de comprar e usar esse vestido? vamos reconhecendo as coisas compradas no impulso - muitos impulsos, não sei como tudo aconteceu. aqueles lixinhos de viagens, imãs de geladeira, os mil nadas que vão tomando grandes proporções quando o momento é encaixotar tudo e seguir. tô intensa no modo retrospectiva.
marie kondo ficaria bem orgulhosa diante da rapidez com que tenho me desapegado de algumas coisas afetivas (ainda que eu tenha me excedido nos utensílios de cozinha). mas de repente aquele bolinho de ingresso velho de cinema vai pro lixo e você percebe que a pressão continua 11 por 8, tá tudo bem, ganhei um espaço e autoconhecimento. vou superar aquela calça com a barra desfeita que por três anos morou em uma sacolinha no fundo do armário esperando o dia do conserto que nunca chegou (fato verídico).
só estou ficando com o que me traz alegria, que é uma grande lição da kondo - serve pra tudo na vida, de coisas a pessoas. experimentem.
a mudança de casa ao mesmo tempo me faz pensar na relação com são paulo. completei 6 anos na cidade, mês passado. passou voando. dia desses eu chegava aqui com uma mala, pra passar um mês cuidando da entrega da tese, e nunca mais voltei pra fortaleza. acho que foi a coisa mais ousada que fiz na vida, olhando pra trás. é o famoso ‘largou tudo’, olha ela.
impossível não se afetar, não se transformar nessa cidade. e ela nunca me decepcionou. coisas boas sempre me aconteceram aqui. fui mega feliz no apartamento onde passei os últimos anos. foi o lugar que me acolheu em momentos incríveis e em outros mais difíceis. minha salinha, minha cozinha, meu quarto, quanta coisa. minha zona de conforto em uma movimentada encruzilhada da bela vista.
sofro com uma síndrome de estocolmo danada, porque são paulo, por outro lado, não é fácil. mas não me imagino em outro lugar. é aquele eterno procurar beleza e alguma generosidade onde aparentemente só tem prédio, exaustão, engarrafamento e indiferença.
detesto o princípio do sofrimento como validação e aprendizado, que tanto curtem exaltar em sp. cafona, né. eu não poderia acreditar mais em uma entidade do que em ailton krenak, com esta frase que resume tudo.
sp, no entanto, é uma cidade que entrega uns momentos que podem ser super legais. é preciso estar disponível (tudo aqui exige algo da gente) pra perceber os refúgios e presentes escondidos tipo um parque augusta, uma exposição que te faz chorar, um chopp na calçada (amo calçada), coisas simples de fazer no bairro, tipo ir à feira, ou descobrir um lugarzinho novo e simpático que abriu. fico caçando essas coisas com coração aberto, resistindo, sabendo que caminhar no minhocão exige uma abstração meio grande às vezes - o sangue distópico que corre em nossas veias abertas da américa latina.
(falando em minhocão, apenas sigam o insta de otavio macedo, com fotos lindíssimas de sp)
as news-irmãs da gaía sempre trazem muitos momentos em são paulo, amo
e também gostei da news da aline valek sobre a vista de são paulo, que causou polêmica dias atrás
acho que a cidade e o nosso lugar refletem quem a gente é e o nosso momento. parece lugar-comum, mas a pessoa amarga vai transportar a amargura dela até paris ou nova iorque ou aonde ela vá. então tudo é muito questão de perspectiva. a nossa casa é dentro da gente. não adianta se mudar, viajar, fugir, colocar em lugares ou pessoas a responsabilidade de nos salvar. claro que lugares e pessoas importam muito e nos ajudam.
mas sinto o quanto carrego em mim o meu conforto, o meu vazio, o meu barulho, o meu passado e o meu futuro, para onde for.
tô reflexiva demais, somando fim de ano, inferno astral e mudança de casa,
não reparem.
adeus minha bela vista e até a próxima janelinha.🪟
certeza
amo-sou a cena do ódiovisual
sempre bom lembrar
eu tô na energy desse jesus no natal
sextou misteriosa e desprotegida no melhor estilo rossy de palma
feliz natal e lindo ano novo aos flowsers sinceros, queridos e gentis que povoam essa newsletter. foi uma das coisas mais certas que fiz esse ano, abrir esse canto e encontrar vocês. ♥️
que 2022 seja suave, pelo amor de deusa.
farei uma modesta pausa de duas semaninhas, e flowsmag retorna em 14.01.22 🙃
eu fiquei todo emotivo com a sua mudança, projeção total, ano que vem me mudo de cidade. vou pra sp e tô com um friozinho na barriga enorme! mas acompanho tanta coisa bacana de sp que tô indo de coração aberto pro que vier!
boas festas e um ótimo descanso pra tu!
muito, mas muito obrigado por me fazer companhia nesse ano! sua news foi um presente !
inté ano que vem ✨