.autopreservação
#43. instintos. lista de emboscadas evitáveis em viagens. o dia em que peguei uma infecção na pintura facial de caveira mexicana. juma. jatinhos. podcasts. begônia. esperando ozark. banho na pétala.
sou alguém que detesta riscos desnecessários. desde pequena não curto passar perrengue nem emoção, por menores que sejam. pode ser apenas chatice, mas chamo de instinto de autopreservação. o fato é que, se eu não vejo uma boa razão que justifique aquela possível emboscada ou risco, acho sem sentido e não faço.
um bom exemplo é ir em cachoeiras. para onde se olha, existe grande potencial de risco, perigo e tragédia. cachoeira tem tudo pra dar errado. qual a razão, me digam, para andar em pedras lisas e molhadas? você sai de uma pedra lisa e molhada para outra, vai indo só por ir, porque bastaria apreciar a beleza natural sem viver intensamente.
vale sempre calcular que a cachoeira 1. normalmente está em um lugar remoto, 2. o socorro, caso algo ocorra (grandes possibilidades em pedras lisas) vai ter que vir, sei lá, de helicóptero e será preciso 3. torcer para que ele chegue a tempo, pois afinal é um local remoto onde só pega alguma operadora que ninguém tem, tipo oi. basicamente me visualizo caindo e batendo a cabeça. ou seja, não consigo me divertir e fico em estado permanente de tensão quando vou a cachoeiras.
(fora que água gelada me desanima e me dá até um pouco de ódio. detesto banho gelado, mar gelado, chuveiro gelado - aquele pingo glacial que cai desorientado assim que liga o chuveiro, sempre no inverno. água gelada é um sofrimento desnecessário, tanto que era usada em tratamentos de choque semelhantes a torturas nos hospícios)
também possuo em viagens esse instinto de autopreservação. sempre há tentações e convites para nos desviar do caminho da vida.
‘ei, vamos…
até aquela ilha naquele barquinho precário sem coletes salva-vidas
comer este alimento estranho pela primeira vez
entrar no lago ou piscina cuja profundidade desconhecemos
atravessar e juro que voltamos antes da maré subir
nesta van precária em alta velocidade que passa rente ao penhasco
pegar essa van de madrugada na lapa (rj) (tenho várias histórias com vans)
sair em cima da hora pra pegar o voo
beber na véspera do voo
beber este drink que mistura três destilados e que vem pegando fogo
onde as pessoas veem experiência, vejo riscos em potencial. e mesmo sendo essa pessoa chata e com esse instinto, ele não me impediu de vivenciar perrengues como todos estes descritos acima. dei check em cada coisa que vocês nem sabem.
e mesmo onde não há riscos aparentes, sempre é possível inaugurar algumas emboscadas.
peguei uma bactéria na pintura facial
sim, é possível. quando fui no méxico tive a imensa sorte de chegar na véspera do dia dos mortos, que é uma grande data incrível por lá e recomendo essa magia. a energia que fica na capital é indescritível. pensei ‘beleza, vou me desfazer de todas as amarras, estou vivendo um momento único’ (famous last words).
vi que tinha um cara na avenida principal, onde teria o desfile, pintando rÓstos das pessoas com a pintura tradicional de caveira. pensei ‘nada poderia dar errado’ (famous last words). peguei a fila, primeiro foi a vez da minha amiga, que tava com um batom roxo lindo e o cara fez toda a pintura tendo o batom como ponto de partida. artista. daí ele olhou pro meu rosto, também criou algo PRA MIM, fiquei emocionadíssima enquanto ele me pintava e com todo o momento mexicano super espontâneo.
- então minha amiga: nossa, lu, maravilhosa. mas… ele pintou sua boca também?
- eu: claro, nossa, completa, fiz tudo
- e ela: mulher. esse pincel que passou por todas as bocas dessa avenida
deus no comandooo. a noite, quando a gente chegou no hotel, tive uma dor de barriga descomunal, passei dois dias mal numa cidade que se alimenta à base de pimenta, morrendo e passando uma vergonha absurda. obviamente, claro, consegui a proeza de criar a probabilidade de pegar uma bactéria via pincel do tio que pintava o rosto da galera enquanto eu vivia o sonho da minha caveira mexicana.
então minha gente, essas dicas você só encontra aqui na flowsmag: preservem-se, cuidado com pedras lisas e com pinturas faciais coletivas.
o brasil tá muito errado
ARA
pois é
dois podcasts que ouvi essa semana:
amo sidarta e mano, queria tomar cerveja com ambos
legal e ao mesmo tempo dramático esse podcast da aline valek
(também gosto de um, dos primeiros que ela fez, sobre a cor azul)
a flor na begônia tá on
amando a fase tapes da netflix, depois de andy warhol quero ver os de marilyn
e gente, ozark que volta hoje?
marty e ruth entregando tudooo
sextou tal como este pequeno pássaro tomando banho numa pétalammmm i love nature
Ai, eu amo uma escritora. Mulher, tu me faz rir tanto, apesar do Brasil. Muito obrigada!
Adorooo😎❤️