.aniversário
#30. flowsday. tradições. traumas. menus. bolo fake. essência aquariana. nara leão podia ser claramente aquário também. mini resenhas e estreias. elza <3
domingo, 23, é flowsday. todos se vestem de tons terrosos e bebem gin tônica para me celebrar. criemos aqui nossas próprias tradições e cânticos.
não tenho propriamente traumas envolvendo aniversários. ok, fico sempre meio de lua uns dias antes, sou tomada por mau humor e melancolia desde pequena, don’t know why. meu dia nunca caía na época das aulas, então nunca tive festinha no colégio, alegrias que não vivi ahahah. minha mãe sempre fez bolos gostosos, a gente usava moça fiestas e também tinha docinhos caseiros. já ganhei festa surpresa dos amigos (perfeitos) de sp e meus ótimos anivers aqui caem sempre em dias de tempestade. querendo me dar presentes, viagens, bólos, brigadeiros, pix, elogios, festinhas, drinks, livros e desejos de saúde, aceito sempre de coração.
ainda que seja dúbia minha relação com a data, amo a vibe festinha. são os melhores menus (não gosto de chantilly, não me peça explicações). a instituição pratinho é inabalável: na hora de ir embora dos anivers alheios eu a gente monta aquela combinação livre de fatia de bolo, salgadinhos e docinhos, um eventual pedaço de torta de frango, um blend de sobras coberto com um guardanapinho safado de papel que fica delícia no dia seguinte. a capacidade do dia seguinte é maravilhosa, de melhorar tudo. empadinha dormida: gostoso demais. curto aniversários raiz e amo brindes maletinhas.
em fortaleza, há tradições. uma é o bolo fake, que é o bolo lindo oficial da mesa do parabéns. terminado o parabéns, a família corta um bolo genérico que estava na cozinha e serve aos convidados, deixando intacto o bolo fake caro que todos esperavam. eu ficava puta com tanto desprestígio com os convidados, tudo premeditado para apenas a família comer. pois engulam, guardo até hoje alguns rancores.
tem também uma autarquia chamada pratinho (diferente do pratinho anterior). consiste no jantar que definitivamente não pode faltar nos aniversários raiz de fortaleza. o pratinho combina creme de frango ou vatapá, arroz branco, paçoca (que é uma farofa 4.0 otimizada com carne de sol, e aí siri o que é paçoca - procurar).
o que nunca falha é o inferno astral. neste ano, tive um chuveiro queimado, um vazamento no teto no banheiro, meu banheiro vazando pro apartamento de baixo, treta para devolver o apartamento anterior, meu celular levou uma queda feia, a única lagartixa branca de toda a bela vista entrou no meu quarto a meia-noite, alguns pequenos infernos diários - mas todos passam bem.
sou aquariana caso alguém ainda não saiba. exalo muito a aquário-energy e tenho vergonha de ser tão previsível. qualquer post de beira de estrada com algo genérico sobre aquário desvenda minha personalidade. sou louca e diferentona, aleatória, coletiva, visionária, insensível minimalista nos sentimentos. se mandam eu faço o contrário, além de ser teimosa.
sp também está de niver, uma cidade aquariana, louca e insensível.
me identifiquei com a descrição que cortázar faz no texto simulacros, no livro dos cronópios que tava lendo semana passada: “Neste país onde as coisas se fazem por obrigação ou fanfarronada, gostamos das ocupações livres, das tarefas sem importância, dos simulacros que de nada adiantam”. eu todinha.
filmes & resenhas
o canto livre de nara leão (2022, globoplay)
passei o seriado inteiro achando que nara era aquariana. por muito pouco é capricorniana, mas ganharia fácil a carteirinha do meu signo. ela juntava galeras muito diferentes, estava sempre em tribos aleatórias, descobria compositores e estilos de música novos, dava a mínima a quem cobrava coerência e rótulos. ela falando nos anos 60 a 80 - parecia hoje. leve, atemporal e maravilhosa no comportamento, nas opiniões e na moda. linda. fiquei fascinadíssima, absorvida e recomendo super - é muito emocionante o último capítulo.
falando em nara, tô lendo um livro do nelson motta em que ele fala de todos os lugares e pessoas que o colocaram no lugar certo e no momento certo em mil oportunidades. ele, afinal, depõe sempre em todos os documentários de música, estava sempre onde a história aconteceu, incrível. o homem chega na lua e ele já tava lá. claro, motta tinha muito privilégio, não veio de qualquer lugar, mas rolava uma sorte adicional. o livro de cu pra lua é interessante por momentos ligados a cultura, mas detesto quando ele descreve as mulheres e o quanto ele era pegador. boooooring.
eu vivendo a ilusão do kindle, que não revela espessuras - depois de ler 25% do livro descobri que ele tem 500 páginas. eu que lute, vamos ver se termino.
i’m your man (2021)
um her em versão alemã. mas ainda fico com her, que é excelente. em i’m your man, a pesquisadora de museu chamada alma (aham) entra em um experimento para testar por três semanas um robô perfeitamente humano, equipado com um algoritmo que o tornaria o parceiro perfeito para ela.
acho que o filme não problematiza o suficiente, fica mais no campo da comédia romântica. não é ruim, mas poderia ser melhor, com algum momento de tensão ou de tragédia.
me atrapalhou o lance dele ser um algoritmo que fala o tempo todo que é um algoritmo. ‘mas fulana, meu algoritmo é feito para te agradar’ - e a gente sabe que algoritmo de verdade não te lembra que ele existe. também acho que ele poderia ter colocado mais a questão de que o algoritmo é uma parte de nós, um reflexo do que somos - e exatamente por isso ele nos controla e cria uma bolha. afinal, por quê eu lutaria contra algo que, em última análise, sou eu-mesmo? é uma armadilha. acho que essas tecnologias desmobilizam as pessoas, as tornam conformadas e buscam sempre nos adequar ao que é mediano.
obviamente aquarianos são contra algoritmos.
eles mandam e a gente faz o quê? o contrário.
não olhe pra cima (2021, netflix)
o tipo de filme que poderia durar 30 minutos a menos e que repete 3929385 vezes as mesmas piadas porque americanos precisam se sentir inteligentes e recompensados quando entendem cada trecho e avançam. achei que faltou sutileza, o ritmo é errante e até desesperado para incluir muitas piadas - aquelas que fazem o público se sentir esperto. tem bons momentos, cate e meryl estão boas, mas achei no geral mediano.
duna (2021)
você balança uma árvore e cai mais um filme com timothee chalamet (o que ele tava fazendo também no não olhe para cima? personagem mais aleatório ever). gostei do ambience de duna, ainda que a história seja aquela mistura arquetípica de mad max com star wars. vamos aguardar zendaya bem tieta na duna na segunda parte.
tempo (2021)
filme do shyamalan cujo início parece muito com the white lotus, evocando o gênero wellness terror em alta. pessoas estereotipadas chegam a um resort e vão a um passeio em uma praia afastada. logo percebem que o tempo não corre no ritmo convencional. foram tantas chances perdidas de desenvolver boas histórias e reflexões que perdi a conta. nada de muito interessante acontece. o final é previsível num nível que nem sei. uma das poucas vezes em que o título em português supera o original.
o mistério de henri pick (2019, prime video)
filme francês suave e legalzinho para um sábado a tarde. uma jovem editora descobre um manuscrito em uma biblioteca de livros rejeitados, publica e o livro faz um grande sucesso. mas quem teria sido o autor? tem um pouco da investigação, pistas. entretém mas não vai mudar sua vida.
a filha perdida (2021, netflix)
essa é a resenha mais suspeita que você vai ver sobre esse filme maravilhoso com a sensacional olivia colman, baseado no livro da musa magnânima elena ferrante. apenas assistam a essa obra prima da talentosíssima maggie gyllenhaal como diretora. já temos o melhor filme do ano com uma cena linda na abertura, atuações memoráveis e as tortas de climão da ferrante que a gente ama.
próximas estreias
enquanto o outro romance da ferrante que seria adaptado em uma série da netflix não vem, aguardamos outras estreias das minhas obsessões: as novas temporadas de ozark, 21.1 (hojeeee); killing eve, 27.2; e a amiga genial, 28.2 (vi 6.2 em outro lugar mas não sei).
bbb22
vocês tão acompanhando? vou resenhar o primeiro dia: gente gritando. imagina 10 pessoas (ainda não tinha entrado a outra metade, ou seja, piorou muito depois) que falam gritando numa casa cuja decoração também grita, gritando enquanto escolhem os quartos e enquanto comem, querendo chamar a atenção do tadeu schimdt de sapatênis, ansiosos para emplacar qualquer coisa no primeiro dia. meu pior pesadelo, gente intensa. nem precisam de microfone pois gritam. contudo, minha relação com bbb é a mesma que tenho com livro ruim: insisto.
um lugar ao sol
em todas as cenas tem um personagem assinando um cheque ou dando dinheiro pra alguém. evoca ambição. ainda não consegui ver nenhuma parte com andréa beltrão mas sigo tentando antes do bbb.
sextou celebrando a força, o talento e a memória deste monumento chamado elza. que perda triste essa semana.
Feliz aniversário de quem está atrasada mas amou essa news comemorativa e cheia de críticas cinematográficas.
Feliz aniversário!!!
A internet é melhor com você e com a Flows!
Beijos